sábado, 21 de abril de 2012

Second Foundation


Isaac Asimov (2004). Second Foundation. Nova Iorque: Bantam Books.

Mais um passo na longa narrativa da Fundação. Desta vez, o grande mote é a elusiva e misteriosa segunda Fundação, vista inicialmente como uma espécie de cópia de segurança da primeira Fundação mas que Asimov desenvolve num outro sentido. Se a primeira é um pilar científico e tecnológico, o objectivo da segunda é a transcendência mental.

Second Foundation é constituído por duas novelas longas. Na primeira, assistimos ao confronto entre a anomalia imprevista que colocou a primeira fundação sob o seu jugo e os mentalistas da Segunda Fundação. Os resultados são os esperados. A derrota dos elementos que se desviam do sacrossanto Plano de Seldon e um renascer da fundação original. Na segunda, a influência pervasiva dos agentes da Segunda Fundação é mantida depois de um jogo complexo de subterfúgios e estratégias bizantinas que passa por uma aparente descoberta e por uma guerra estelar.

Asimov olha para um tema intrigante, hoje já um pouco datado mas ainda presente nas mitologias tecno-científicas dos trans-humanistas e cyberpunks acérrimos que vêem no digital uma possibilidade de transcendência da mente humana para lá dos limites corporais da mortalidade. A sua visão, no contexto do universo da série, é a de transcendência de limites físicos pelo afinar e aprimorar das capacidades da mente humana e geração de uma nova elite esclarecida, líder benevolente mas na sombra de massas humanas, incapazes de compreender a grandeza do espírito iluminado dos líderes ocultos. Este é outro aspecto que pervade a série Fundação, a confiança em líderes carismáticos e não numa ideia de democracia alargada.

Nota-se neste volume uma inflexão da narrativa. Se até este volume o foco central da narração eram manobras de bastidores e jogos estratégicos, Asimov dá-nos aqui algumas aberturas para um tipo de literatura de FC mais clássico, com aventuras e amplas descrições de batalhas espaciais. E, mestre da sua ocupação, mantém-nos até ao último parágrafo suspensos de um segredo que nos é revelado nas últimas páginas: a localização da Segunda Fundação.