segunda-feira, 30 de abril de 2012

A Wizard Of Earthsea

Ursula K. LeGuin (2004). A Wizard Of Earthsea. Nova Iorque: Bantam Books.

Não há volta a dar. Decididamente fantasia épica com toques mágicos e medievalista não é para mim. Não que isso se deva à leitura deste livro. É apenas um tema que pouco me diz. Apesar disso, dei por mim a gostar deste primeiro livro da série Earthsea.

Le Guin é uma das grandes escritoras do género FC e fantasia e este livro escrito em 1968 mostra-o. A construção de um mundo fantástico, palco imenso de aventuras descritas e sonhadas, é impecável. O sentimento de espaço aberto e de possibilidades infindas é enorme. O mundo de Earthsea é vasto, e neste livro a autora leva-nos a conhecê-lo através de um périplo duplamente iniciático através de uma história de rito de passagem do principal personagem e iniciação do leitor às intricacias deste universo de fantasia.

Ged é um jovem feiticeiro, marcado pelo destino. Acompanhamos o seu crescimento enquanto ser desde a latência dos seus talentos até ao confronto inevitável consigo próprio, simbolizado pela luta com uma sombra inominável que libertou num acto de irresponsabilidade descuidada. Este percurso que mostra-nos que o personagem será algo de importante, indivíduo profundo e inquieto que equilibra deveres, poderes e vontade de ir mais além. É, no fundo, aquilo que todos desejamos ser. As aventuras literárias são uma metáfora do processo de formação individual que todos atravessamos, de melhor ou pior maneira. Todos temos de confrontar as nossas próprias sombras para nos tornarmos indivíduos completos.

A Wizard Of Earthsea utiliza magistralmente os elementos narrativos do género. Visitamos uma terra ancestral numa era difusa que nos leva a imaginar um passado mítico. A autora entretece uma eficaz teia mitológica exclusiva do universo ficcional e socorre-se dos lugares comuns do género para gizar os seus contornos. Aldeias rurais, cidades vibrantes, povos com características únicas, espaços semi-selvagens onde a floresta impera, a dualidade entre aristocracias reinantes e o lumpen isolado nos seus espaços e, claro, magia. Incantações, filosofia e o poder de quem detém o conhecimento das maquinarias que fazem girar o mundo.

Para quem não se sente atraído pelo género, este é um bom livro para o ficar a conhecer melhor. Escrito com mestria, leva-nos a um vasto e bem traçado mundo de fantasia, mostrando-se como obra marcante da literatura do fantástico.