sexta-feira, 4 de maio de 2012

Eu Não Sou Um Serial Killer

Dan Wells (2011). Eu Não Sou Um Serial Killer. Lisboa: Contraponto.

Não é um livro que se lê pela beleza das palavras ou pelas ideias que nos transportam para as profundezas da vida mental, sendo uma obra linear com uma linha narrativa bem marcada e sem desvios. É um livro que se lê como divertimento, e lê-se muito bem. Entre as aventuras da acção e as desventuras da vida interior do personagem principal dei por mim a não conseguir parar de ler. A literatura é isto. Tão bons são os mais elaborados e estilizados voos linguísticos como as palavras simples que não conseguimos parar de ler. Eu Não Sou Um Serial Killer é uma história simples e bem contada.

Somos colocados na mente turbulenta de um jovem adolescente que se crê um assassino em série em potencial. Anti-social, com um confortável diagnóstico de sociopatia, uma família disfuncional, um gosto literário por criminologia e um fascínio pela preparação de cadáveres na agência funerária da mãe, vive os dilemas clássicos da adolescência com um toque criminal. Embora sejamos sujeitos a inúmeras ruminâncias sobre o seu carácter de assassino em série, quando se depara com morte violenta a sério a reacção é mais normal do que se esperaria. O mundo mórbido de fantasia entra em colisão com a realidade banal quando uma série de mortes violentas abala a cidade onde vive este pequeno serial killer. Fascinado pelos crimes, acaba revoltado ao descobrir quem os cometeu e começa uma campanha de guerrilha contra o verdadeiro assassino. Sem querer estragar leituras, digamos que um pacato vizinho tem um lado literalmente demoníaco.

Eu Não Sou Um Serial Killer é uma mistura bem conseguida de crime sob o ponto de vista do criminoso, neste caso apenas hipotético uma vez que tudo se passa na sua mente, com um toque algo incoerente de sobrenatural. Livro ente géneros, vale pelo que vale: uma boa e divertida história que se lê sem querer parar.