quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Yukikaze

Chohei Kambayashi (2010). Yukikaze. São Francisco: VIZ Media.

É preciso uma boa dose de fetiche aeronáutico para se chegar ao fim deste livro. Yukikaze é uma obra de ficção científica militarista sobre uma aeronave futurista. Num futuro próximo, a humanidade e as forças de uma incógnita espécie alienígena apelidada de jam degladiam-se num planeta acessível por um buraco de verme que surgiu misteriosamente na antártida. No planeta hostil à vida humana, as forças terrestres combatem utilizando uma força aérea de equipamentos avançados pilotados por inadaptados e sociopatas. Yukikaze é a mais avançadas aeronave de combate, destacada para missões de reconhecimento e recolha de dados mas que quando necessário se revela superior em combate a tudo o que se lhe oponha.

Um pormenor intrigante do livro é uma progressiva mecanização da luta. Não nos é dado de forma muito subtil. O autor expressa claramente em vários momentos que se suspeita que a verdadeira guerra é entre máquinas e inteligências artificiais terrestres e alienígenas, sendo os humanos peças descartáveis do puzzle, e incompreensíveis pelos extraterrestres. O isolamento das forças militares, separadas do resto da humanidade e mal compreendidas por uma Terra que não se sente ameaçada por uma guerra travada à distância, ajuda ao desenvolvimento de uma cultura progressivamente mecanicista.

Yukikaze, expoente máximo da tecnologia aeronáutica, evolui de uma simbiose com o seu piloto desprovido de emoções até à previsível autonomia total. No final, o destino é o das máquinas inteligentes.

Contado em vinhetas episódicas, o livro arrasta-se e não é uma leitura tão interessante quanto poderia ser, apesar de alguns momentos empolgantes de puro escapismo literário. Há um certo imobilismo narrativo que contrasta com as premissas de acção. O fio condutor de progressiva aquisição de inteligência robótica vai-se desenvolvendo aos sacões e torna-se demasiado óbvio logo nas primeiras páginas. Quanto à premisa de guerra pela humanidade à distância combatida por uma simbiose homem-máquina complexa, bem, é algo que não é novidade no panorama da cultura pop-anime nipónica.