terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Eerie Presents El Cid



Bud Lewis, Gonzalo Mayo (2013). Eerie Presents: El Cid. Milwaukie: Dark Horse Comics.


Um festim para o olhar: o traço de Gonzalo Mayo a ilustrar El Cid, o campeador na versão Eerie.

Heróis nobres e esforçados.
Sensuais mulheres fatais.


Cavaleiros corajosos.
 Beleza exótica e decadente.


Castelos fantásticos...
 Feitiçarias aterradoras...
 Demónios e donzelas em perigo...


Pesadelos eróticos...
 Feitiços abomináveis...

Castelos tenebrosos...


À parte a referência à gesta de cavalaria que mitificou o El Cid histórico, este El Cid esplendorosamente desenhado pelo peruano Gonzalo Mayo e com argumentos de Bud Lewis tem pouco a ver com o original. El Cid é um personagem da Warren Publishing, editora da EerieCreepy e Vampirella ícones marcantes dos comics que por adoptarem um formato de revista escapavam às convenções do comic e por isso podia safar-se a publicar banda desenhada de terror profundo, violento e sensual. A Warren é particularmente notável pela aposta num estilo individual facilmente identificável pelo traço barroco em tons góticos de preto e branco de fortes contrastes, atmosferas soturnas, decadência gráfica com toque de psicadelismo e um exagero esteticamente apelativo.

É a ilustração que destaca este El Cid, criado em 1975 como resposta à moda das histórias de sword and sorcery - vide Conan e Kull na Marvel, Sword and Sorcery na DC, exemplos de uma galeria de bárbaros e aventureiros de coragem e espada afiada, quase todos caídos no esquecimento. As histórias curtas de aventuras improváveis, violentas refregas, ameaças ocultas, terrores tenebrosos e mulheres sensuais que funcionam como argumento ficaram facilmente datadas, legíveis pelo que são, retrato da ficção pulp de uma época. Já a ilustração, apesar de também datada, destaca-se pela intensa espectacularidade gráfica. Cada enquadramento é um assalto aos nervos ópticos, uma delícia de poses icónicas e traços intricados que transbordam os limites da vinheta. Uma explosão gráfica de um estilo gótico elaborado muito em voga nos anos 70, pela mão de Gonzalo Mayo. É um verdadeiro festim para o olhar.