sexta-feira, 7 de junho de 2013

Comics


Dial H #13: Certo, uma destas nunca tinha lido: um universo bi-dimensional de criaturas desenhadas a giz que habitam os muros de cimento de um mundo tridimensional. Na busca pelos discos telefónicos que conferem estranhos poderes Miéville dá-nos uma edição fortíssima, que brinca e homenageia ideias icónicas da cultura popular. A ponte entre o mundo de giz e os heróis acidentais que buscam a feérica central telefónica analógica que desvendará os segredos dos discos é feita por uma caricatura inteligente de Batman. E a ideia de comunicação entre mundos de diferentes dimensões é uma vénia a Flatland, obra-chave das literaturas fantásticas sobre geometrias n-dimensionais.


Dejah Thoris and the Green Men of Mars #04: A arquivar na categoria tratamentos anatómicos que provocam dores de cabeça. Certo, Dejah Thoris, Princesa de Marte, tem de ser uma mulher de força. Fiel ao texto de Burroughs, veste pouco mais do que uma tanguinha. E para apimentar a imaginação dos leitores tem que ser uma boazona mamalhuda. Eis o resultado, colisão disforme entre dançarina de strip e atleta de halterofilia. A linha entre o sensual e o grotesco é ténue, e aqui o equilíbrio tombou no precipício das fantasias adolescentes. Isto é capaz de ser nocivo para os centros visuais cerebrais.


East Of West #03: A Morte é implacável na busca pela sua esposa, ceifando alegremente batalhões de soldados sino-americanos do império maoista. Os restantes três cavaleiros andam ao mesmo tempo à caça da Morte e a tentar implementar o apocalipse final. Entre este East Of West e o igualmente bizarro e brilhante Manhattan Projects, Jonathan Hickman ganha um lugar na categoria de argumentistas brilhantes de comics com este western tecno-futurista de realidades alternativas ucrónicas.


The Massive #12: Vastidões geladas, solidão humana e introspecção. Brian Wood finaliza aqui um arco narrativo que solidifica o mundo ficcional de The Massive explorando o futurismo catastrofista e o arrependimento de um ex-mercenário que se cansou de ser peão em sangrentos jogos de interesse e decidiu agir para salvar um planeta moribundo.


Stormwatch #21: Com Jim Starlin no argumento o resultado é um regresso ao passado. Bem vindos aos anos 90 do século XX, com um toque cósmico de space opera.


Mister X Eviction #02: Dificilmente haverá comic mais bem escrito e ilustrado a ser publicado actualmente. Dean Motter deslumbra pelos seus argumentos new weird, misturando borgesianismo com futurismo em histórias cheias de referências culturais, e por ilustrações fortemente estilizadas que remetem para o estilo retro do design utópico dos anos 40 e 50. Um mimo para os olhos e para a mente. Conseguem perceber a referência a 1984 na ilustração? Por tudo isto é que Mister X merece destaque como o mais deslumbrante comic do momento.