terça-feira, 16 de julho de 2013

Comics: Transformers Hearts of Steel, Batman Master of the Future, Steampunk Originals.

Duas leituras onde o comic comercial se tenta apropriar da estética steampunk com resultados desastrosos e uma mais independente que se traduz numa experiência de leitura interessante. Prova que é preciso mais do que adereços gráficos para criar narrativas coerentes, independentemente de que estética os autores se socorram para ancorar a obra.


Chuck Dixon, Guido Guidi (2007). Transfomers Evolutions Hearts of Steel. San Diego: IDW.

Confesso que achei curiosa a ideia de misturar este franchise transmedia que serve essencialmente para vender bonecos de plástico com uma estética steampunk. E a curiosidade foi satisfeita. Até poderia ter saído algo visualmente interessante, mas nem isso acontece neste comic martelado que tem a complexidade narrativa de um desenho animado infantil de baixa qualidade, daqueles que se vê e se esquece logo a seguir. Mas outra coisa não seria de esperar de um tipo de banda desenhada que tem de seguir à risca um mundo ficcional televisivo criado não como ambiente de fantasia mas como manobra de marketing. Lido, degustado, desgostado com o tempo perdido nisto e já vai a caminho do esquecimento.


Brian Augustyn, Eduardo Barreto (1991). Batman: Master of the Future. Nova Iorque: DC Comics.

Gotham By Gaslight surpreendeu à época pelo traço pessoal de Mike Mignola, que transformou uma banal aventura numa das mais interessantes graphic novels de Batman. Este Master of the Future pretende ser uma continuação, mas sem a mestria de Mignola para trazer a estética novecentista para uma Gotham iluminada a gás resta a banalidade. O argumento linear conta com um vilão desastradamente inspirado em Robur e a ilustração tenta alguns toques mal sucedidos de imitação da iconografia dos filmes inspirados nas obras de Verne dos anos 50 e 60 que estão na génese do steampunk enquanto estética visual.


Vários Autores (2013). Steampunk Originals Volume 1. Vancouver: Arcana Studios.

A moda steampunk pegou e tornou-se banal ver o adjectivo de género aplicado a livros e filmes que se socorrem de dirigíveis e mecanismos de relógio como adereços. A Arcana é um exemplo típico de editora com estas práticas e este livro uma colectânea pouco homogénea de histórias curtas dentro do género. Apostando em autores novos, frescos e ainda crus, varia muito na qualidade. Encerra algumas boas surpresas e é de apreciar o estilismo arrojado da maior parte das histórias, que fogem ao aspecto limpo com que o steampunk chega à maioria dos leitores.