sexta-feira, 26 de julho de 2013

Comics


2000 AD #1842: Depois de um policial procedimental limpinho é bom ver Dredd de regresso aos grafismos mais arrojados e a doses fortes de ironia e humor negro. Só é suplantado pelo grafismo de Simon Davis em Sinister Dexter e pela bizarria do argumento de Rob Williams para Ten Seconders. Para além de deuses... superdeuses? Mas o mais intrigante da revista nesta semana é mesmo Dredd de regresso a grandes aventuras, com cidades lunares a despenharem-se no atlântico negro, mísseis atómicos, missões submarinas e ironia na ponta da dentuça afiada.


Constantine #05: Os moços simpáticos da Forbidden Planet é que alertaram. Parece que quando Grant Morrison espalhava torrentes de surrealismo e psicadelismo nas páginas de Doom Patrol se lembrou de por pura piada recriar um John Constantine como super herói com poderes, capa e fatinho justinho. Exaurido de ideias ao fim de cinco edições, e para enfiar o coiso na continuidade do actual crossover estival da DC, Ray Fawkes transforma Constantine num super-herói roubando momentaneamente os poderes ao Capitão Marvel. Esse mesmo, aquele clone infantilizado do Super-Homem que passa de pré-adolescente a homem musculado gritando "shazam!". E não, não é uma piada elaborada criada por um argumentista de topo conhecido pelas brilhantes alucinações. Assim de repente veio-me à memória a vinheta final de John Constantine Hellblazer: um envelhecido Constantine, cheio de rugas e marcas de uma vida de duras aventuras, sozinho num pub onde nas prateleiras as garrafas ostentam os nomes dos argumentistas e ilustradores que deram vida ao personagem durante trezentas edições. Algures num pub cheio de fumo Pete Milligan, Jamie Delano e os outros culpados devem estar a partilhar cervejas e a rirem-se destas voltas que os editores deram ao personagem que construíram com tanto brilhantismo. Hellblazer era excepcional, Constantine é um desastre.


Doomsday .1 #03: John Byrne arranjou uma boa desculpa para revisitar a tradição de colocar a estátua da liberdade em cenários pós-apocalípticos. Desta vez os astronautas sobreviventes ao cataclisma que dexou o planeta a arder juntam-se à tripulação de um submarino nuclear que por milagre sobreviveu à destruição para uma viagem que os leva a visitar a costa leste de uma américa engolida pelas cinzas. A paragem é obrigatória em Nova Iorque, cidade dos sonhos e iconografia de eleição para futurismos utópicos, distópicos ou apocalípticos.


Justice League Dark #22: Bocejos. A DC tem mais um mega-crossover que obriga a ler quase todos os títulos para seguir uma história linear que redefine algum aspecto mais ou menos obscuro do universo DC. Bocejos. A DC Comics faz o mesmo em todos os verões. Desta vez parece que tem a ver com a caixa de pandora e o Super Homem matou alguém. Se calhar esmagou-lhe os miolos com um super-murro super-dado pelos super-punhos. E até arranjaram maneira de colocar a Justice League Dark ao barulho. Bocejos. Só destaco isto porque demonstra a rápida decadência de John Constantine desde que foi colocado na continuidade principal do universo DC. Parece que na estreita linha dos comics mainstream não há capacidade dos leitores para compreender um personagem anti-herói mais complexo do que como malandro chico-espertista capaz de lançar raios mágicos das mãos. Surpreende-me que ainda continue de cigarro na boca.


Wild Blue Yonder #02: Jetpacks. Porta-aviões voadores. Aviões de combate arraçados de P-38. Estética dieselpunk com ar gasto e usado. Um mundo ficcional que se vai descobrindo ao longo da narrativa onde a terra firma é o lugar onde servos exploram minas e processam recursos para senhores dos ares que vagueiam pelos céus nas suas frotas de aparelhos voadores. Wild Blue Yonder parte da clássica narrativa de jovem aventureiro que se envolve com lutadores libertários para nos mostrar um universo ficcional que mistura influências e géneros. Um Warlord of the Air com motores de propulsão a jacto.