sábado, 13 de julho de 2013

Seven Soldiers of Victory


Grant Morrison et al (2006). Seven Soldiers of Victory. Nova Iorque: DC Comics.

A DC aposta na constante renovação dos seus personagens, geralmente como parte de grandes arcos narrativos que periodicamente alteram profundamente alinhamentos, origens e características dos seus icónicos heróis. Estes Seven Soldiers of Victory tiveram o seu momento na ribalta, e foram anulados por posteriores renovações do universo DC. Na mais recente, a polémica DC'52, dois destes personagens regressaram à continuidade da editora: Ystin, o andrógino cavaleiro das lendas arturianas e o seu cavalo alado, membro do grupo medievalista fantástico Demon Knights, e Frankenstein que teve uma gloriosa série com Agent of S.H.A.D.E. e agora é mantido nos olhos do público em Justice League Dark.

O que distingue estes Seven Soldiers de tantos outros livros saídos da DC é ter tido Grant Morrison nitidamente à solta nos argumentos. A sua reconstrução dos personagens está muito longe da fórmula habitual do género de super-heróis. Morrison mistura horror com nostalgia do género em tortuosas histórias psicadélicas que destroem as barreiras do real. Há um fio narrativo difuso, que envolve uma invasão do tempo contemporâneo por fadas assassinas que não são criaturas míticas mas sim o resultado da evolução humana ao longo de milhões de anos no futuro longínquo. Cada personagem tem a sua história, cada qual a mais bizarra e labiríntica. A forte carga psicadélica leva o leitor mais informado a perguntar-se sobre que substâncias Morrison andaria a tomar quando escreveu Seven Soldiers. Quem leu Supergods, a sua análise dos super-heróis misturando história do género com autobiografia não deixa de pensar que o forte psicadelismo deste Seven Soldiers teve mãozinha de substâncias psicoactivas.

A ilustração dos diferentes títulos está à altura da estranheza do argumento. Seven Soldiers é uma mini-série delirante, que ultrapassa os limites do género para o campo dos sonhos psicadélicos.