quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Calafrios e prendas


Filipe Azeredo cumpriu o prometido na primeira edição e lançou o segundo número da Calafrios!, revista digital que publica traduções para português de histórias clássicas do horror pré-comics code. São comics macabros, de terror explícito e misturam ironia lúgubre com violência psicológica. Conhecedores da história da banda desenhada sabem a celeuma levantada em torno deste género de publicações, com tiradas hiperbólicas sobre a influência perniciosa do género nas mentes infantis, diluição da EC para coisas menos explícitas e ressurgir do infantilismo dos super-heróis como resposta limpinha de uma indústria que optou pela auto-regulação. Ou antes auto-censura. Estas coisas da história dos media e acusações de má influência sobre crianças e jovens têm uma longa história. As críticas são sempre as mesmas, do Werther de Goethe aos tablets (que suplantaram recentemente os videojogos como nova ameaça ao futuro da humanidade e despoletadora de influências perniciosas nas mentes juvenis).

Vistas como nosso olhar saturado de media estas histórias têm o seu quê de ingénuo mas ainda surpreendem pelo grafismo explícito. Ali os monstros são mesmo monstruosos, as assombrações terríficas, a violência macabra é mostrada com requintado detalhe e a dualidade moral é lançada às urtigas. Filipe Azeredo está de parabéns por trazer para língua portuguesa estas pérolas clássicas do horror. A Calafrios! está disponível em pdf, cbr e para leitura online na Filactera. E venha a próxima. A curadoria é impecável e as selecções equilibram bom gosto e conhecimento profundo desta fase da história dos comics.


Em modo natalício, a 2000 AD decidiu dar aos fãs uma belíssima prenda e publicou online uma colectânea gratuita de histórias clássicas dos seus mais icónicos personagens. O alvo é o mercado americano mas nós no resto do mundo também agradecemos. Está disponível em pdf e é uma boa leituras para acompanhar o massivo prog 2014 da revista.

Duas leituras de banda desenhada a preço convidativo e recheadas de coisas interessantes. Nada mau para começar o dia, se bem que o horror que provoca calafrios pode não combinar com o pequeno almoço em leitores de estômago sensível.