sábado, 21 de dezembro de 2013

Doctor Who: The Roots of Evil


Philip Reeve (2013). Doctor Who: The Roots of Evil. Londres: Puffin.

A páginas tantas o autor não resiste a um aceno à continuidade contemporânea da série Doctor Who, e é esse detalhe a peça que dá sentido à história. Nesta aventura do quarto Doutor este, com a companheira da época, chega a um local muito especial: uma gigantesca cidade-árvore a flutuar sobre a superfície de um planetóide. A árvore é habitada pelos descendentes de colonos que utilizavam estas plantas geneticamente modificadas para terraformar os planetas colonizados. Mas, no passado, uma encarnação do Doutor impediu os antepassados destes colonos de terraformar um planeta e com isso aniquilar as espécies nativas. Por isso toda a colónia se desenvolve com uma ideologia de ódio ao Doctor Who, símbolo de derrotas passadas. Quando é aprisionado pelos aguerridos descendentes este Doutor tem alguma dificuldade em perceber o porquê de tanto ódio, até que se apercebe que foi um certo doutor do futuro a impedir genocídios e a condenar os colonos ao exílio. Um doutor com predilecção por laços.

A visão de uma civilização que habita uma árvore pertence aquele espírito de estranheza que tanto encanto dá à série. O seu lado infantil e brincalhão dá aos criadores uma inusitada liberdade para desenvolver conceitos estranhos sem grandes preocupações de verosimilhança ou rigor científico. Talvez o real encanto de Doctor Who é ser talvez nos media contemporâneos o único local onde o espírito pulp da FC clássica, fortemente inventivo e despreocupado com a sofisticação que hoje é exigiga ao género está vivo e é assumido como característica marcante.