sábado, 7 de dezembro de 2013

Fumetti: Valter Buio, I Morti; BD: Wardelia T01: Venezzia.


Alessandro Bilotta, Sergio Gerasi (2010). Valter Buio #01: I Morti. Perugia: Star Comics.

Intrigante. Valter Buio fez-me pensar numa versão mais leve de Dylan Dog. O tema é similar. Tal como Dog, Buio é um investigador do oculto, mas especializado em análise psicanalítica de almas penadas. Esta primeira edição é o habitual montar do palco, dando as personagens a conhecet ao leitor e dispondo o tabuleiro de jogo para as jogadas seguintes. Buio mistura elementos de oculto com policial noir na figura do psicólogo com um passado amoroso tortuoso que se vê envolvido em mistérios ao ajudar fantasmas a encontrar paz. Conta com ajuda de um excêntrico aristocrata falido, espiritista bon vivant que oscila entre fugir dos credores e organizar sessões espíritas enquanto galanteia as mulheres com que se cruza, e uma jovem estudante de psicologia que emprega como secretária e confia cegamente nas bizarrias do patrão. No finalizar do episódio conhecemos o misterioso rival de Buio, um psicólogo que conduz os pacientes à loucura e suicídio e que revela perigosos poderes ocultos. Sem a sensibilidade onírica de Dylan Dog, restrito a uma vertente do sub-género investigador do oculto, Valter Buio surpreendeu pela agradabilidade da leitura.


Laurent Koffell, Nöe Munin (2006). Wardelia T01: Venezzia. Paris: Tournon-Carabas.

O livro parte de uma ideia interessante. Num tempo futuro o planeta está coberto pelas águas e a humanidade concentra-se na gargantuesca torre Venezzia, cidade-arranhacéu de múltiplos níveis cujos píncaros albergam uma frota de navios convertidos em dirigíveis. Há rumores de uma terra perdida, Wardelia, único local no planeta onde a natureza sobrevive em terra firme. O segredo do local onde se oculta esta terra perdida obceca o comandante dos serviços secretos da cidade, e a chave parece estar nos poderes mutantes da princesa herdeira do trono e num jovem que sobrevive no submundo mas tem um passado que o liga às altas esferas da cidade.

A partir deste conceito desenrola-se uma história bastante banal de jovens heróis perseguidos por agentes implacáveis das forças de segurança dominadas por vilões tirânicos. Visualmente o álbum está indeciso entre o manga e o steampunk, embora atinja momentos interessantes ao mostrar a cidade e a frota de dirigíveis. Toda a história assume esta dupla influência de géneros e é claramente um prelúdio para uma continuidade que, tanto quanto sei, não chegou a acontecer.