sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Dylan Dog: Il pianto della banshee; Color Fest #10.



Giovanni Gualdoni, Corrado Roi (2013). Dylan Dog #322: Il pianto della Banshee. Milão: Sergio Bonelli Editore S.p.A..

Será o grito de uma banshee que está por detrás de uma série de assassínios numa aldeia irlandesa? Está, mas não da forma que esperamos. A morte em circunstâncias estranhas de um homem na sua noite de núpcias despoleta uma aventura intrigante de Dylan Dog. É a jovem esposa que é vista como culpada. Julgando-se amaldiçoada por uma banshee, está internada num hospício enquanto Dylan e a polícia local vão-se deparando com mais assassínios. A verdade é ao mesmo tempo banal e fantasista. Por detrás da pretensa maldição sobrenatural encontram-se as bem reais maldições do machismo e pobreza. O casamento de final funesto foi motivado por dinheiro. Quer o noivo quer o pai da noiva são homens violentos por natureza. E os amigos que suspeitam da verdade vão sendo eliminados pela assassina, a mãe da noiva. Quando Dylan a desmascara reflecte que as banshees são bem reais, são o grito das mulheres vitimizadas. Mas o argumentista não se limita a uma história policial e vai deixando indícios do fantástico. Há criaturas que se ocultam na névoa, e uma aterradora caleche negra conduzida por um lacónico psicopompo que percorre as ruas da aldeia. Esta ambivalência difusa cai bem dentro do ambiente sobrenatural da personagem. O ilustrador consegue alguns momentos gráficos memoráveis.


Alessandro Bilota, et al (2013). Dylan Dog Color Fest #10. Milão: Sergio Bonelli Editore S.p.A..

Confesso que não esperava especulação deste género nas páginas de Dylan Dog. É um personagem maduro, com longa história editorial, e as especulações da série andam mais à volta dos monstros e pesadelos do que da natureza da personagem. Rever o mito é o cerne deste Color Fest, que pega nas suas premissas, baralha e redistribui as ideias. Se as histórias são interessantes, o tratamento gráfico não lhe fica nada atrás. As primeira e terceira aventuras estão ilustradas com estilos gráficos expressivos que vão além do esperado no género.

Addio, Groucho: Vamos ao futuro, onde um envelhecido Dylan Dog tenta salvar Groucho, ferido por uma mordida de zombie. Num mundo decrépito que flui como um sonho Dylan vai-se cruzando com alguns dos personagens mais marcantes da série, incluindo uma Morte que lhe confessa que para quem vive na ficção o inferno é a vida normal. Onírica e inconclusiva, com um toque leve de futurismo decadente, esta ambígua aventura distingue-se por um riquíssimo grafismo.

La banda maculata: E se Dylan Dog fosse um detective na Londres vitoriana? Nesta aventura metaficcional Dylan vai investigar a morte misteriosa de uma rapariga na casa do seu padrasto, regressado da Índia e com um enorme gosto pelas artes ocultas indianas. Se parece similar a uma das primeiras aventuras de Sherlock Holmes, é porque o é. Dylan Dog vitoriano a enfrentar nagas é-nos revelado como um produto da imaginação de Conan Doyle, rejeitado pelo editor da revista Strand. Perante a rejeição, Doyle opta por criar histórias detectivescas baseadas na lógica do método dedutivo...

I giorni oscuri: Dylan Dog reimaginado como um personagem grimdark de fantasia épica. Ao invés do século XX, Dylan surge como caçador de monstros no século XVII, defensor da humanidade contra as experiências malévolas de Xabaras, o seu pai, que busca um elixir da imortalidade e que para isso vai transformado a humanidade em zombies. Tem um final memorável, com o seu quê de I am Legend de Matheson, com Dylan como único homem vivo a enfrentar um mundo cheio de hordes de zombies às ordens do seu funesto pai.

Doppia identità: E se... Dylan não fosse o detective dos pesadelos mas um jovem otaku, encerrado no seu casulo de cultura pop em casa dos pais? Frustrado, incapaz de se relacionar com raparigas, é também um assassino perseguido por Dwight Dog, famoso detective de casos arriscados. Ou então tudo não passa de um delírio de Dylan, hospitalizado após travar um perigoso serial killer.