domingo, 16 de novembro de 2014

Fórum Fantástico 2014


Três dias, na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro de Telheiras, dedicados ao Fantástico literário e artístico nas vertentes literárias, fílmicas, musicais, gráficas, e neste ano com um pouco de tecnologia.


(Foto via Morrighan/Sofia Teixeira)

No painel sobre blogs no fantástico, bem acompanhado pelo João Campos, Nuno Reis, Luís Pinto e moderado por Sofia Teixeira. Descobri que o meu blog tem nove anos. Damn, I'm getting old. Also, I do need an haircut.


Noite dedicada à música no Fantástico, com João Morales em modo videojockey a ir buscar algumas pérolas da música inspirada pela literatura. Pérolas, algumas coisas que não conseguimos desver, e um toque muito erudito com Kagel. Começou da forma mais fantástica (passe a expressão) possível: com o astronauta Chris Hadfield a cantar Space Oddity na Estação Espacial Internacional. É este o espírito da ficção científica.


Madalena Santos e João Barreiros a ler contos fantásticos numa emissão ao vivo do programa Contos Não Vendem.


(foto via Folha em Branco)

Um prazer, ter conversado com José Alves da Silva, sobre a criatividade no 3D Printing. Terça feira ficam online os meus apontamentos do painel.


As criaturas concebidas pelo ilustrador, impressas em Makerbot para um projecto da Bold Machines. E sim, este é o ponto de vista da mesa, ou, colocando melhor a coisa, da baliza onde o guarda redes tem de defender o pénalti. Piada muito pouco óbvia sobre os nervos que nos afectam nestes momentos, especialmente no imediatamente antes.


Cláudio Jordão da KotoStudios e Luís Velez da BeeVeryCreative a analisar peças da makerbot. Um bom momento de partilha com as bee a imprimir ao vivo no auditório da BMOR.


A acompanhar a Bee acabei por ter pouco tempo para ver a malta do Comandante Serralves a falar do seu projecto. Carlos Silva, num ambiente decididamente menos hostil do que o das suas bactéricas badass.


Uma das fotos que mais me tocou da exposição Cortázar Frames, de fotografias inspiradas na obra de Julio Cortázar. Não foi a vencedora, mas o vencedor espelha bem o espírito futurista do fórum fantástico. Fotógrado que trabalha no dia a dia como videomapper. Quantos anos tem esta profissão?


Rhys Hughes, escrito convidado deste ano, e Pedro Piedade Marques conversam sobre literatura fantástica sul-americana no final do segundo dia do fórum.


Os Prémios Adamastor foram uma das novidades da edição deste ano. António de Macedo foi o merecidísismo distinguido com o prémio de personalidade, pela vasta obra literária e cinematográfica mas especialmente pela sua dedicação ao Fantástico, que tantos entraves lhe colocou na sua carreira. Na foto, Luís Corredoura recebe o Grande Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Portuguesa, entregue por um orgulhoso Rogério Ribeiro. No Viagem a Andrómeda estão todos os premiados desta primeira edição dos Prémios Adamastor. Quando tiver tempo deixo qualquer coisa por aqui com os vencedores e lista final de nomeados.


There, and back again. O auditório silencioso à espera de mais um dia em cheio.


A já tradicional rubrica de escolhas literárias (e cinematográficas), desta vez com outro ritmo.


(foto via Folha em Branco)

E cá estamos, no painel mais conhecido como o do Tio Barreiros e seus sobrinhos. Ei-lo, a falar de dragões senis, acompanhado pelo João Campos, Cristina Alves e por mim, que estava a olhar para o telemóvel. Por razões legítimas. Descobri que faz imenso jeito ter um powerpoint na dropbox para se controlar melhor a sequência de uma apresentação deste género.



Evocar o Marquês de Fronteira, também apreciador de literatura fantástica e dinamizador de eventos ligados ao género, no arranque do painel comemorativo dos trinta anos sobre o ciclo de cinema de ficção científica organizado pela Gulbenkian e Cinemateca. Fiquei surpreendido com Rui Vieira Nery, numa excelente e encantadora apresentação. Realmente nunca me tinha lembrado que o Ensaio Sobre a Cegueira de Saramago tivesse muitos pontos em comum com o Day of the Triffyds de John Wyndham. E que Bénard da Costa tivesse sido educado na cinematografia de FC por João Barreiros.


Para terminar esta evocação, nada como um excerto de Metropolis.


É por estas que Penim Loureiro tem no seu Cidade Suspensa o melhor livro de BD português deste ano. A mestria do seu traço é algo de espantoso.


Novidade a marcar no radar: André Coelho (Terminal Tower e ilustrador do Sepultura dos Pais) está a trabalhar em adaptações da obra de J. G. Ballard. Ainda por cima de Myths of the Near Future. A imagem espelha de facto a iconografia precisa do conto ballardiano.


O Fórum encerrou com a estreia de Homem Ocupado, documentário ficcional à volta do conto Casa Ocupada de Cortázar. Sem querer entrar em spoilers digamos que João Morales foi encontrar uns fios de fantástico que vão de Lovecraft a Tartini, passando por Casanova e os míticos 4'33'' de Cage. Até se recordaram de Grant Morrison com o seu Danny the Street e The Painting that ate Paris. A música de Filipe Homem Fonseca está perfeita para esta homenagem que imagina se a casa do conto fosse em Lisboa.

Termina aqui mais um ano de Fórum Fantástico. Poderia escrever mais, mas em jeito de balanço gostaria de sublinhar o seu contínuo forte pendor literário com cada vez maior transdisciplinaridade, É fantástico, mas não apenas o fantástico da fantasia ou ficção científica. É a música, o trasnreal, a banda desenhada, o cinema, o realismo mágico, até o 3D. Cada vez mais o Fórum assume uma zona de fronteira onde géneros e media se tocam, dando faísca à criatividade.