sábado, 15 de novembro de 2014

Sem Palavras


Foi como fiquei ontem, durante o painel sobre blogs no Fórum Fantástico, ao ouvir Geraldes Lino a elogiar o trabalho desenvolvido sobre banda desenhada neste meu cantinho. Geraldes Lino é uma figura incontornável da BD em Portugal, talvez o maior entusiasta do género e seus autores, com um longo historial de divulgação, edição de fanzines e organização de eventos. Se a BD tem hoje a projecção que tem por cá como veículo artístico e literário conceituado na consciência colectiva, longe da ideia de historinhas aos quadradinhos para crianças, suspeito que tal se deve em grande parte ao incansável esforço de décadas de Geraldes Lino. Receber um inesperado elogio deste gigante da cultura portugues às minhas críticas de banda desenhada é uma honra e alegria que eleva muito mais a fasquia da responsabilidade neste espaço. Que, sublinho, não é de crítica. É um bloco digital de apontamentos onde vou registando o que penso sobre aquilo que li, tentando sempre fugir à simplicidade dualista do gostei/não gostei, reflectindo sobre a construção de sentido que se fez na minha mente de leitor a partir das palavras e imagens.

Desculpem-me o momento de auto-congratulação, mas acho que ainda não fui capaz de parar de sorrir como uma fangirl tocada por um olhar do seu ídolo.

E é isto. Escrever um blog tem o seu quê de acto solitário, raramente sabemos em quem tocamos, a menos que se tenha um daqueles espaços que toca nalgum nervo e se torna de referência de topo. Vicissitudes do digital, com o seu lado de jogo de soma nula e o fluxo de imediatismo das redes sociais, onde os impactos podem ser mais profundos mas são sempre fugazes. Momentos destes humanizam e dão força para continuar. Sabe sempre bem quando os nossos processos mentais são validados por alguém que admiramos.