sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Starjammers


Warren Ellis, Carlos Pacheco, Cam Smith (1995). Starjammers. Nova Iorque: Marvel Comics.

Os Starjammers são um grupo das mais divertidas personagens secundárias dos X-Men. Piratas espaciais liderados pelo pai de Scott Summers, o Ciclope do grupo de mutantes, reúne um bando de alienígenas combativos que se vão aventurando pelo espaço a bordo da nave inteligente Windjammer. Mantém uma relação complexa com o império S'hiar liderado por Lilandra, imperatriz apaixonada pelo Professor X. Confusos? Não estariam se conhecessem melhor a mitografia dos mutantes X. Fruto dos tempos em que Chris Claremont expandiu o universo X nos anos 80 e 90, os Starjammers são daquelas personagens secundárias que enfatizam o lado de aventura em ficção científica classicista, daquelas que aparecem pontualmente nas aventuras das principais personagens e que deixam sempre vontade de ler algo mais com elas. Algo que normalmente quando acontece desilude muito os leitores.

Não neste caso. Esta curta mini-série foi entregue às mãos de um Warren Ellis que fiel à reputação que veio a estabelecer ao longo dos tempos nos lega um texto denso, cheio de intrigas e possibilidades de aventura, com várias peripécias em linhas narrativas que confluem num final apoteótico. Pegando no conceito de piratas e impérios espaciais, Ellis dá-nos uma grande aventura de space opera barroca, com impérios poderosos a resvalar para um fascismo militarista, uniões de rebeldes que se vão mantendo em tréguas inquietas com os colossos militares, e um daqueles conceitos tipicamente saídos da mente deste escritor, uma espécie de alienígenas de ateísmo tão militante que se dedicam a exterminar planetas que alberguem civilizações profundamente religiosas. No meio disto tudo os próprios Starjammers estão divididos, com o seu líder a perceber que apesar de estar do lado dos ameaçados pelo império, para assegurar a paz na galáxia tem de se manter ao lado de uma imperatriz que, ela própria, tem de lidar com as forças fascizantes do seu governo. Algo que não cai bem com alguns elementos da tripulação, sedentos de vingança pelo passado de violência e escravidão que sofreram. Intriga política, space opera de grandes vistas, e uma ilustração a condizer fazem desta curta série um interessante momento na história editorial de personagens que normalmente se ficam por fugazes vislumbres no meio dos arcos narrativos dos heróis habituais. Uma lufada de ar ainda refrescante vinda do passado dos anos 90, época cujos comics hoje nos parecem tão irremediavelmente inocentes.