quinta-feira, 1 de outubro de 2015

H-alt #01


Um projecto intrigante, que já andava a fazer blip no radar há uns tempos, está finalmente disponível para leitura online. A H-alt assume-se como revista digital focalizada na banda desenhada, ficção científica, historia alternativa e fantasia.

Fantasia? Meh, disso há por aí a pontapé (Fantasy & Co. e outros), resmungo com a minha paciência nula para elfos e passados feéricos recheados de magia, apesar de reconhecer o esforço e a qualidade de quem escreve nesta vertente do fantástico. Agora haver um foco assumido em ficção científica e história alternativa... wow, kudos, despertam o interesse e apostam em campos que rareiam no fandom português.

A iniciativa promete, e resta lê-la, algo dificultado por terem apostado no Issuu como plataforma de publicação. Slide e zoom são os ingredientes certos para leitura distractiva. Surpreende como em 2015, com a web completamente integrada no dia a dia, quem faça publicação digital raramente leve em conta elementos como resolução, orientação ou adaptação aos ecrãs. Estes rapazes até não são dos piores. O Issuu é chato mas dá para ter uma ideia razoável do conteúdo da e-zine. Na leitura aprofundada é que o caso talvez mude de figura. Mas há pior. Os editores académicos que publicam artigos em pdf (epub é algo que nem lhes passa pela cabeça) formatado como página A4 em duas ou três colunas como se de papel impresso se tratasse, são verdadeiras pragas, que tornam a leitura dos artigos num martírio seja qual for o dispositivo que não uma folha impressa.

Estamos em 2015. Pela sua inflexibilidade, PDF é óptimo para impressão, mas se o conceito é o de leitura digital é dos piores formatos possíveis, senão o pior, precisamente pela forma como não se ajusta ao formato de diferentes ecrãs. A nostalgia da página impressa com os seus formatos é bonita, mas dificulta e muito a leitura digital. Fica-se com a sensação que quem edita desta forma pretende mais ser editado do que lido.

Apesar dos meus resmungos sobre usabilidade, não deixem de visitar a revista. São os meus traumas da leitura de papers académicos em três colunas que obrigam a ziguezaguear no ecrã e são impossíveis de ler no meu fiel e-reader. Ou então talvez seja uma cena geracional e eu esteja a ficar demasiado decrépito para os interfaces preferidos pelos jovens.

Projectos destes nunca são demais. Rumem a H-alt no Issuu para ler as novas vozes do fantástico por cá. Se cuscarem no site deles encontram ainda outras promissoras leituras de banda desenhada na secção álbuns H-alt. Este é claramente um projecto a seguir. Prometo que a tentarei ler.